Neste 3º concerto da Temporada oficial de 2019 da Filarmônica da UFRN, teremos o privilegio de ouvir a Orquestra sob a regência do Maestro convidado Jean-François Rivest e do pianista Alvaro Siviero. O concerto foi realizado no Auditório Onofre Lopes, da Escola de Música da UFRN no dia 25 de Maio de 2019. Você poderá assistir às duas apresentações, das 18h e 20h.

Sessão I – 18h
Sessão II – 20h

Programa

ABERTURA DA ÓPERA “AS BODAS DE FIGARO” K. 492 (1786)
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791)

Esta foi à primeira das três óperas criadas através da colaboração de Mozart com o libretista Lorenzo da Ponte, uma colaboração que brilha como um dos grandes momentos felizes da música ocidental. A partir dessa parceria, nasceram As Bodas de Fígaro (1786), Don Giovanni (1787) e Così fan tutte (1790), todos entre as maiores óperas, assim como suas últimas três sinfonias, no 39, 40 e 41 que Mozart escreveu em 1788, são vistos como estando no auge de seu gênero clássico. De fato, muitos consideram As Bodas e a maior ópera bufa já escrita.
O libreto de Ponte foi baseado em uma peça do dramaturgo francês Pierre Beaumarchais, como uma continuação de O Barbeiro de Sevilha, de Beaumarchais, que se tornaria famosa mais tarde como uma ópera por Rossini. A abertura define o sentido da música que está por vir; começa silenciosamente, mas exuberantemente explode, desaparece e explode novamente. Incluem-se sugestões musicais de sussurros sempre com o caráter virtuoso que identifica a Mozart.

CONCERTO PARA PIANO N.o 2 EM LÁ MAIOR, S.125 (1839-1861)
Franz Liszt (1811-1886)

Solista: Alvaro Siviero

O segundo concerto, embora menos virtuoso do que o primeiro concerto para piano mostra muito mais originalidade na forma, aspecto importante que reflexa madures no compositor considerando que foi feito vinte anos depois do primeiro concerto. Revela uma ligação mais próxima com os poemas sinfônicos mais conhecidos de Liszt, tanto no estilo quanto na estrutura. Além disso, enquanto a versão final do primeiro concerto poderia ser considerada a peça final de um solista, o segundo mostra Liszt tentando confirmar seu talento composicional enquanto se distancia de suas origens virtuosas de performance. O solista não domina o material temático na verdade, após a abertura, o pianista nunca tem o tema em sua forma original. Em vez disso, seu papel é criar, ou pelo menos parece criar, variações inventivas que conduzam o ouvinte através de uma série de transformações temáticas. As várias pausas e silêncios não se destinam a rupturas no fluxo musical, mas sim como transições no discurso musical. “unidade orgânica” empresta estrutura a todo a obra.
Liszt escreveu o concerto em 1839, guardou-o por dez anos, embora o revisse repetidamente, pela quarta e última vez em 1861.

SINFONIA No 41 EM DÓ MAIOR K. 551 “JÚPITER” (1788)
Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791)

No verão de 1788, Mozart se viu em desespero financeiro. Com o desastre mistificador que foi o desprezo de Viena por Don Giovanni, fechando após apenas 15 apresentações, as dívidas de Mozart se acumularam além do controle. Isso só aumentou sua tristeza pela morte inesperada da filha recém-nascida no início daquela primavera. No entanto, em meio a tudo isso, em cerca de nove semanas entre o início de junho e 10 de agosto, Mozart escreveu três sinfonias surpreendentes: Números 39, 40 e 41. Seu apelido é “Júpiter”, após o mais poderoso dos antigos deuses romanos, aplicado depois. De acordo com seu filho Franz Xaver Mozart, foi o empresário londrino Johann Peter Salomon (o mesmo homem que projetou a espetacular carreira de Haydn em Londres na década de 1790) que inventou esse apelido como um dispositivo de propaganda para as performances de Londres da sinfonia em 1819. Dadas às circunstâncias severas de Mozart e a velocidade da luz na qual ele a compôs, o Júpiter certamente parece divinamente inspirado.
O primeiro movimento começa regiamente, com três acordes de uníssono forte agraciados por “rasgos de corda” ascendentes e, com uma simetria brilhante, Mozart terminará a Sinfonia explorando extensivamente essa ideia arrojada de cordas no último movimento a um efeito ofegante. O segundo movimento requintado é marcado “lentamente, cantando”. Este Andante é um daqueles raros momentos musicais que fundem o mundo dos sentidos em pura música. O final abre com um tema notavelmente simples de apenas quatro notas, junto com aquele acompanhamento hiper-oscilante. Quatro outros temas igualmente simples aparecem logo em seguida, mas as primeiras quatro notas parecem nos lançar para o resto do movimento. O que Mozart então faz com esses cinco temas rivaliza com o grande contraponto de Bach e a força dramática das sinfonias de Beethoven.

JEAN-FRANÇOIS RIVEST REGENTE

Regente, pedagogo e violinista Jean-François Rivest é conhecido por sua energia, sua técnica extremamente precisa e seu estilo apaixonado, comovente e profundamente comprometi- do. Naturalmente, ele é conhecido pela grande variedade de linguagens musicais que abora, indo do barroco ao repertório de hoje.
Como convidado regular de numerosas grandes orquestras, no Canadá e no exterior, foi maestro da Orquestra Sinfônica de Montréal, de 2006 a 2009, onde foi particularmente importante, bem como regente artístico da Orquestra Sinfônica Thirteen Strings Ensemble de Ottawa.
Jean-François Rivest acredita firmemente que a carreira de intérprete deve ser acompanhada por uma ação pedagógica para treinar as futuras gerações de músicos. Trabalhou em diversas instituições e, principalmente desde 1993, na Faculdade de Música da Universidade de Montreal, onde ministra aulas de regência e vários cursos avançados de interpretação. Ele é o fundador, regente artístico e principal da Orquestra da Universidade de Montreal (UOM). É professor Titular e membro permanente do Programa de Terceiro Ciclo (Mestrado e doutorado) desta Instituição.
Como diretor artístico do Orford Arts Center (agora Orford Music) de 2009 a 2105, ele presidiu o destino de sua prestigiosa Academia e Festival Internacional. Seus anos como Diretor desse Centro de Artes têm sido um grande sucesso e foram considerados por todos como anos de grande renovação artística. Ele também foi premiado com o Prêmio Opus do regente artístico do ano de 2011.
Treinado no Conservatório de Montreal e na Juilliard School em Nova York, ele estudou principalmente com Sonia Jelinkova, Ivan Galamian e Dorothy DeLay, e rapidamente se tornou um dos melhores violinistas de Quebec de sua geração.
Ele é pai de quatro filhos e a família está no coração de sua vida. Ele é apaixonado pelo ar livre e natureza e tem muitas expedições importantes em seu currículo. Jean-François Rivest acredita que a natureza, em todas as suas manifestações, é uma inspiração vital na profissão artística.

ALVARO SIVIERO
PIANISTA

O paulistano Alvaro Siviero acumula passagens por países como Alemanha, Portugal, Itália, USA, República Tcheca, Áustria, Polônia, França, Inglaterra, Suíça, apresentando-se como solista ao lado de orquestras como a London Festival Orchestra, Budapest Chamber Orchestra, Russian, Virtuosi of Europe, The City of Prague Philharmonic Orchestra, Orquestra Académica de Madrid, Polska Filharmonia Baltycka, Wiener Kammersymphonie, Sinfonia Rotterdam, Salzburg Chamber Soloists e I Musici de Montreal em turnês pelo Brasil, Argentina, Chile, Holanda, Espanha, Uruguay e Peru. Paralelamente à sua intensa carreira como recitalista e camerista, atua como solista diante de numerosas orquestras brasileiras, tais como a Orquestra Sinfônica Brasileira, Sinfônica de Brasília, Sinfônica de Goiânia, Sinfônica Municipal de São Paulo, Sinfônica do Paraná, Sinfônica de Sergipe, Sinfônica de Santos, Sinfônica de Campinas, Orquestra de Câmara do Amazonas, entre outras. O jornal El Mercurio (Chile) definiu Siviero como “detentor de depurada técnica e rigoroso estilo, unido a uma esplêndida elegância e finesse. Em alguns momentos sua digitação causa vertigem, enquanto que nos contrastes dinâmicos seus pianíssimos chegam a comover. Um pianista para aplaudir”.
Siviero foi o primeiro brasileiro a participar do curso de imersão na obra de Beethoven na Casa Orfeo-Fondazione Wilhelm Kemp, em Positano. Em maio de 2007, realizou recital particular ao Papa Bento XVI, em Aparecida, São Paulo, quando da visita do Romano Pontífice ao Brasil.
Em novembro de 2009, foi o artista que representou o Brasil no histórico Encontro Mundial de Artistas, celebrado na Capela Sistina, em Roma. Em abril de 2011, em Maiorca, realizou o recital social de reabertura do verdadeiro local onde Chopin residiu na Cartoixa de Valldemossa.
Como músico e diretor artístico, foi responsável pela vinda ao Brasil de diversos grupos sinfônicos internacionais, bem como pela contínua promoção artística de diversas orquestras sinfônicas nacionais. Recebeu em fevereiro de 2016 a Comenda da Ordem do Mérito Cultural Carlos Gomes, no grau Comendador, como reconhecimento pelos serviços culturais prestados.
Especializado em multiculturalidade pelo Lesley College (Cambridge) e graduado em Física pela Universidade de São Paulo, Siviero escreve sobre música clássica nos conteúdos digitais do jornal O Estado de São Paulo.