A professora Joana Holanda nos presenteia com sua performance da peça “Mosaic” de João Pedro Oliveira.

A obra é música mista, para piano e sons eletrônicos. Seu nome faz alusão à combinação de partes “coloridas” que ao se sucederem geram esse percurso sonoro emoldurado pelo primeiro e último sons da peça: a nota Sol atacada no registro agudo e a mesma nota Sol reiterada no registro grave. Mosaic propõe com maestria uma combinação de dois elementos: o instrumento acústico sendo tocado por um músico sujeito às intempéries, hesitações e maravilhas do ao vivo e a parte eletroacústica com sons pré-gravados, portanto sempre idêntica e imutável. O desafio do pianista é apropriar-se desta parte eletrônica, ser permeável e integrá-la à sua performance. A simbiose é possível: tanto a parte eletrônica apresenta sons e movimentos que o aproximam do som do piano quanto gestos musicais realizados pelo pianista emergem e são influenciados pelos sons eletroacústicos. Segundo João Pedro Oliveira: “Ao fim de contas, um dos meus objetivos é tentar criar um espaço em que a fronteira entre os dois mundos se dissolva e o ouvinte que escuta uma obra com as duas componentes possa ser envolvido por uma espécie de ilusão, e eventualmente por vezes não saber bem se o som que está a ouvir é instrumental ou eletroacústico. Esta é uma sensação muito interessante, que cria um equívoco na audição e que, penso eu, estimula a criatividade de quem ouve.”